quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Nossa História

Buscando o reconhecimento das Marisqueiras do Piauí e do Brasil, as mulheres de Luís Correia lutam pelo seu espaço.
Um estuário é a parte de um rio que se encontra em contanto com o mar. Por esta razão, sofre a influência das marés e possui tipicamente água salobra. É um ambiente rico em nutrientes carregados pelas águas e, por isso, é habitado por diversas espécies de peixes, crustáceos e moluscos. O sururu (Mytella charruana) e o berbigão ou marisco (Anomalocardia brasiliana) são moluscos bivalves (estão inseridos entre 2 conchas), popularmente conhecidos no Nordeste do Brasil.
Muita gente vive da cata do sururu e do marisco no litoral do Piauí, principalmente no estuário conhecido como Camurupim/Cardoso. O sururu é coletado em banco de areias ou nas raízes da vegetação o mangue. Os marisqueiros ou marisqueiras (catadores de moluscos) mergulham com um balde e retiram parte da areia do fundo do rio. Depois escolhem os mariscos com as mãos e colocam em sacos para transportá-los. Ao chegar em casa, os moluscos são lavados e cozidos no vapor, abrindo suas conchas. Após aberto, sua carne é retirada, embalada e congelada. Para retirar todo o excesso de areia de dentro das conchas, algumas marisqueiras deixam os moluscos em baldes com água de um dia para outro antes de cozinhá-los. No caso do sururu, é preciso retirar seu “umbigo” (por onde eles se fixam nas raízes) durante a lavagem.
O sururu e o marisco são utilizados no preparo de diversos pratos típicos da culinária local: creme de marisco, bolinhos, tortas, macarronada de frutos do mar, etc.
Em Luís Correia, a Associação de Marisqueiras e Filetadeiras de Luís Correia (AMFLC) é um exemplo de comunidades que vivem da cata do marisco. Fundada em 19 de abril de 2009 pelas mulheres da comunidade de pescadores de Luís Correia, tem o objetivo de fomentar as atividades produtivas de infra-estrutura social e serviços sociais para melhorar a condição de vida da comunidade visando à autogestão.
Contando com 56 associadas, AMFLC já conseguiu colher bons frutos: organizou formalmente as mulheres de pescadores, organizou a coleta e manipulação coletiva de marisco, participou de oficinas, capacitações e espaços de discussão de políticas públicas, adquirindo conhecimento e capacidade de buscar novas conquistas.